2 de jan. de 2012

quem, eu?



Onde é que eu estou? Esse quarto sala, não me é familiar. Acordo tropeçando nos criados, quinas, sapatos. Meus sapatos! Procuro um feixe de luz, tic, tac! Um relógio... Um retrato. Meu retrato. Sinto algumas roupas no chão, e sinceramente não pensaria em vestí-las... Muito menos apanhá-las. Mas apanhei. Escolhi uma ou outra, que me deixe socialmente aceitável... 180°. Um espelho. Meu reflexo! Aos poucos, vou voltando pro meu corpo... Uma olhadinha rapida, minha cama, meus travesseiros, meus lençóis obviamente embolados... Parece comigo? Sou eu. Tudo meu. Eu. Que tanto me acostumei com outra, que procurava o que queria ser... Hoje, acordo, me olho... Respiro um ar quase frio, de uma manhã de quase começo:
Há quanto tempo eu sou essa daí? Há quanto tempo, vivo com os meus pés no chão, mas mesmo assim uso as minhas asas pra voar? Há quanto tempo, a minha prioridade sou eu, e não toda aquela lista com mil pessoas e coisas, que nem sempre mereciam estar lá? Há quanto tempo, minha voz tem sido mais baixa, minha risada (um pouco) menos escandalosa, e meus horários (quase) regrados? Há quanto tempo... As minhas certezas, começos, meios e fins, duram mais que a luz do dia?
Sem muito mérito, sem muita firula... Sem promessas pro (quem sabe) Happy New Year, em meus compactos um metro e um pouco mais que meio, hoje eu sei. A maturidade, aqui tardou... Mas não falhou. Chegou sem muito alarde.
Cansou-me somar pessoas, e perder o controle com tantos significantes, signos e significados... E ainda assim, não significar nada pra ninguém.
Hoje eu quero dividir. Minha equação, vai potencializar os números já existentes... Por mim, pra mim, e comigo.
Hoje, eu sou menina que se não aguenta... Vai sim beber leite. Que se sente sono, vai deitar e dormir. Que se não gostou, vai fazer cara feia... Hoje sou aquela, que começa a se apertar nesse corpo que às vezes não me cabe...
Hoje, sou menina que queria tanto voltar pros lençóis óbviamente embolados... Mas, pela primeira vez, não... Quase que sem titubear, Não volta.
Hoje, eu deixei a minha menina na cama, com os lençóis geladinhos e obviamente embolados, sonhando...
Hoje, eu carreguei comigo a mulher. Ainda não a conheço bem... Sei que ela não gosta de arrumar a cama...
Arrumar a cama? Ah... Aí, são outros quinhentos. Certo?