16 de dez. de 2008

lacuna



você não sabe o quanto eu caminhei,
quantas tormentas enfrentei,
pra chegar até aqui.

você não sabe,
nunca soube, nem vai saber,

as cicatrizes que escondo,
as feridas ainda abertas,
as verdades que ouví.

carrego comigo, falso, frágil sorriso,
passos em chão liso,
meus laços, nossos laços, sem teu abrigo.

você não sabe, nem um terço das verdades,
que por outra boca, acabei por escutar.

você não sabe, nem nunca vai saber,
daqui pra frente é continuar,
seja com, ou sem você.

14 de dez. de 2008

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?

Cecília Meireles


____________________________

Inspiração.

eu não tinha,
esses sonhos impossíveis.
as lembranças às traças,
esse orgulho, rasgado.

eu não tinha,
esses olhos já tão secos,
tão fundos...
imundos.

pés tão cansados,
de um caminhar já sem fim.

eu não tinha,
tantas dúvidas, medos e saudades.

não tinha,
essas verdades doloridas,
esse ar que já me falta,
um abraço que não volta.

hoje tenho, um caminho que não sigo.
o papel como amigo.
um reflexo que não vejo.

hoje paro, em frente ao meu espelho
me vejo vestida de saudade,
de vontade
... e desespero.

12 de dez. de 2008

simula ação

olhos de cigana, oblíqua e dissimulada.
afogados na ressaca, de ressaca e rancor.
olhos de menina, de afago, amargor.

olhos mareados, recheados com poesia.

olhos de janela, que escacaram nova luz,
luz do dia.

que superam, não adoram...

devoram.

decifram, devoram.

não mais choram, percorrem infinitos de mares,
de sonhos, delírios e desejos.

olhos, mareados.
profundos, profanam a tua existência.

eminência do teu ter.

olhos, de cigana.
oblícua e dissimulada.
afogados na ressaca, de ressaca e rancor.
olhos de não mais, de adeus menina,
de mulher.

simulam a certeza em ressacas e tormentas de dúvidas.

afagam medos escondidos, desejos proibídos,
você.

abraçam o incerto, nova paz, de nunca mais preto e branco.

olhos de cigana, oblícua e dissimulada.
por fim, enfim...
afogados em um mar,
só meu.

10 de dez. de 2008

sem platéia




tudo claro, claríssimo.
tudo agora faz tanto e tem, sentido.
ruma pro norte, desprende da sorte... espera pela.
mãos que veneravam, hoje facas atiram,
de um pós julgamento tardío.
refeito, suspeito.
olhos que procuravam, hoje escondem um orgulho que feriu, ferido.
sublime saudade, morta as facadas daquele atirador.
palhaço medroso, mágico vaidoso, equilibrista asqueroso.
começa uma luta para sobre os pés ficar, fixar,
na linha das verdades escuras, dos sentimentos mentidos nemtidos.
dos abraços contidos.
hoje, olhos que enxergam mas veêm, além de você.
foi preciso outra boca dizer,
pra verdade que esconde, enfim aparecer.
foi preciso esconder, mentir, maldizer.
tudo claro, claríssimo.
pro orgulho, se render.
pra resposta aparecer? esquecer.
vejo, claro. o que de preto pintou...
vejo além da fantasia que criei, dos sonhos que nem sonhei,
dos olhos de verdades que não ví.
vejo, claro!
a brincadeira que fui, o tempo que esperei.
hoje, clareou.
e finalmente, o circo armado, fechou...
tua luz, apagou.
tua redoma, quebrou.
meu olhar, sempre cerrado e negro, enxergou.

2 de dez. de 2008

atua ação



máscara que cai, passado quescondeu,
hoje mostrou, outro você.

um elo da corrente, tão gasta.
minha vontade, me basta.

meu querer, poder.
meu prazer, suado.
esquecer, atrasado.

passo, dado.

passa você...
passa a esconder.

uma sombra, uma mancha,
um caráter.

tua foto, já cortada.
entrelaçada no meu álbum do não mais.

não mais fantasmas,
nem verdades não ditas.

não mais metades,
desvios, nem esmolas.

máscara que cai, lembrança que vai.
não volta.

solta, pro vento,
meu olhar antes atento,
que procurava você...

sem saber, sem entender,
sem conhecer,

por que e pra que...
nem o que fez você,
atrás dessas máscaras
se esconder.

(só) fim.



hoje sinto amargo, tudo aquilo que era doce.
escuto aquela música, já foi nossa?
antes fosse.

já não sinto mais o cheiro,
do teu beijo indiferente.
já não quero mais o teu toque,
teu carinho tão ausênte.

hoje sinto fria,
tua palavra antes quente.

já não sinto mais saudade,
agora vejo, abrí os olhos, conhecí realidade.
grande ego, modelam teu complexo de superioridade.

hoje sinto tempo, que passou tão tarde.
sinto asco, descobri falsa verdade.

hoje te vi passando. virar passado.
hoje, sinto amargo... tudo aquilo que foi doce.

olho no espelho...
vi alguém que já foi tua.
lembro de estória,
falsas verdades,
e dos teus esconderijos.

hoje sinto amargo, tudo aquilo que imaginei doce.
antes fosse.
ah, antes fosse...

27 de nov. de 2008

fim de noite.



antes que meu sol te esqueça.
antes que teu dia anoiteça,
e que o supostamente evitável, aconteça.
antes que eu te perca, nos mares, tempestades e furacões.
antes que você suma, se esconda, me assuste.
que se torne passado, se embrenhe em labiritintos,
de um coração ofegante, cansado.
antes que você me canse, antes que eu me canse.
que eu decida, que me jogue, me lance. bem alto e sozinha.
antes que eu acorde. solte falsas correntes e laços.
antes que eu mude, não mais te escute.
antes que termine o dia, só por aparecer... apareça.
não que você mereça, mas mesmo que eu não queira,
é você, só você na minha cabeça.



-calabocasaudadecalabocacoração.-

25 de nov. de 2008

fim de tarde.


a tua viagem, secreta mensagem, que vem lá de longe.
a tua imagem, pra mim é miragem, queima e se esconde.
a tua saudade, meu medo? bobagem!

teu dia, noite fria... e nada mais.
meu papo aberto, escondido, incerto, que cansei de ouvir.
saudade nao morta, olhos na janela, ouvidos na porta, que cansei de abrir.

meu tempo, tão cedo.
teu tempo, tão tarde.
mas se arde, esperança! coragem, covarde!

levanta-te e olha, com a cabeça erguida,
o teu destino, tua vida, pelas tuas costas passar.

abre teu olho, e foge da verdade. nega a saudade, esconde muito mais que a idade, e a falsa ideoloia e falsa escolaridade.

orgulha-te das tuas próprias desfeitas, jamaisfeitas e malfeitas também!
joga no papel só aquilo, que por ventura, lhe convém.
esquece o passado, só vive o presente... que o futuro, já vem.

escuta o senhorío, e sempre... sempre diz amém.
para, e se olha no espelho, até hoje... o que você tem?
será, que por um acaso da vida, você é capaz de ir além?

será que você sabe, por que vem?

mergulhe de cabeça, me prove, me envolve.
me mereça, estude...

deixe, que o final e naturalmente aconteça.

acredite, permita.
me pega pela mão, e quando necessário...
me convença. me cura qualquer doença.

faça questão da minha presença.

por que você nao simplesmente,
deixa que o teu sentimento,
transpareça...

antes que meu sol te esqueça...
antes que o teu dia, anoiteça.

19 de nov. de 2008

teu gôsto, que eu gósto.



gosto do passo
passado, atrasado, amassado.
gosto que tem,
que saudade que vem.
e mata, e morre.
gosto que traz,
nova paz.
gosto que mata,
meus medos, e saltos pro nada.
gosto que esconde,
mal gosto.
gosto que tem,
desgosoto.
gosto de você,
gostado, gastado,
teu gosto, que gosto.

3 de nov. de 2008

brisa da madrugada.



longe de um mundo que criei ideal,
perto, ao lado, do certo, do peito aberto.
dum mundo concreto...

um agora sem volta
uma árvore que queima
uma luz que apaga
um sorriso que não cala.

perto de uma nuvem que voa longe
um mar de sentimentos e vontades
aquelas tardes...
sublimadas às felicidades.


intensidades, e o extinto complexo de inferioridade.

longe dos lamentos, dos tormentos,
das inseguranças mais bobas,
dos medos infundados.

perto do ao lado.
perto do de dentro.
perto do colado, selado, amado.

perto do retorno.
transtorno, adorno de emoções.

dentro de frio,
calafrio,
do suspiro,
do meu tiro...
do meu salto mortal.

longe, do ausente,
de um passado, que falta que sente.

longe da falta, longe do fim.

perto do pra mim,
à mim, por mim.

perto e com saudade,
perto e com vontade,
perto e ao lado,
perto e
você.

perto do que se vê,
você vê, você sente,
eu que sei.

eu que sinto,
não minto, também.

longen de um mundo que idealizei,
que abandonei, aboli, esquecí.
que viví.

hoje eu ví, te sentí,
percebí.

flutuei por aí.
pelas luzes,
ventos, caminhos, trajetos e ruas solitárias.

sublimando a felicidade,
na nossa cidade,
sintonia.

sorrindo então,
boa noite então.

por favor, cala a boca coração.

28 de out. de 2008

sublime


um medo do novo, e só.
um sorriso, uma torre,
varias cores.

uma rua, duas ruas,
e vem, chega, vai,
mas deixa

não só.

uma sorte, um acaso,
um arrepio.

um quente, no frio.
um olhar, no vazio.
uma música, no aberto.
um incerto.

um beijo que é esperado,
caminho que é traçado,
ontem, superado.

um abraço na hora certa,
uma saudade que aperta.

uma rima, que soa música.

novos ares,
novos medos,
um frio na barriga,
um suspiro,

e só,
é só,
você.

21 de out. de 2008

saúde.

brido à vida, os novosáres e o coisêtal.
à palavra brincada, à minha face anteriormente trincada e aquela roupamassada.
brindo os meus prazes, às minhas saudades, e o teu complexo de superioridade.
brindo, de copo cheio, a simplicidade, aquela verdade que só depois descobri.
brindo à casa cheia, brindo indo, pra não voltar.

eu brindo, às minhas fases, os suspiros de ontiatarde, e algumas vitórias.
os meus agoras, os repentes e a lua.

brindo pra esquentar um agora já bem quente.
brindo às flores que enterrei, os murros que eu dei, em minha propria face.

brindo um acordar, brindo um sorrir antes de dormir.

brindo o aviso, resquícios do chão liso
onde eu insistí em pisar.

eu brindo , depois bebo.
toda essa paz, que criei, cultivei pra mim.
não paro enquanto a garrafa não chegar ao fim
me embriago das emoções,

dos clichês, dos paetês... e das respostas pros meus tantos porquês.

eu brindo e bebo.
que toda essa antigapaz, que eu cultivei, criei pra mim...
de verdade, não tenha mais fim...

eu brindo à coragem,
à moagem, e até aquela sacanagem.

eu brindo, eu brinco até o fim.
pra mostrar porquêvim...

me reerguer, me merecer...
me permitir...
eu brindo. eu brindo e bebo até o fim.
eu brindo, em minhomenagem.
brindo, pura e simplesmente
à mim.

10 de out. de 2008

brisa invisível.

pára. olha.
vê?
você vê?
sente?

pára. olha.
repara.

você consegue sentir?
meus pensamentos indámil por hora?
consegue sentir meu cheiro na brisa láfora?

você consegue sentir,
meu coração, agora refeito,
indêmbora?

pára. olha.
você consegue perceber?

palavras, jogadas, sem o mínimo valor?

consegue esquecer,
do sabor da ausência, dá úlcera de um quase,
do frio do nãomais?

pára. vê?
vê que o poder já é outro.
que a fonte, a enchente,
que afogava e nutria meus medos,
hoje, secou à luz da chuva.

repara. pára, de novo.
e entende.
se insuficiente, se presente ausênte...
é pouco. é demais.

pára. repara.
vê? você sente?

eu sinto. eu vejo,
com olhos cerrados.
olhos que cortam a metade, ao meio.
tato que aguça, janela que abre.

janela que esconde,
que fala que sente.
que esquece mas lembra.

pára. olha.

vê?
então sente!
mais clichê, impossível,
porquê hojêutô invisível
e é só pra você.

6 de out. de 2008

fiz poema.

nem feliz, nem triste...
poéta.
às vezes, um pouco proféta.
que boca maldita que tem
que olho bendito que vem
que fica... e vai.
não volta.

não fiz
nem triste, nem feliz
o poéta.
que sabe,é proféta
e é sempre mais.

que detém o dom da palavra
que quase fere, com fixos olhares,
meus mares, ressacas, saudades, egoísmos e erros.

o poéta, que com as mãos já falou.
toques de nuvens
que tiram do chão.

o poéta, que devasta
e arruma uma vida,
que bagunçada vida.
que organizada que fica.

que solitária, portanto.

o poéta, que de asas precisa
que amigo que foi.
que amigo que é?

um poéta, que me rendeu suspiros
nos papéis, alguns tiros.
nos olhos... lágrimas.

um poéta. e depois dele, só.
só palavras mais soltas
palavras libertas

de um coração que cicatriza,
que falta que sente

da poesia e música, daquele poéta... às vezes proféta.

que tudo transforma.
e hoje à sua casa retorna.

não volta. não sente. não fala. não mente.

nem triste, nem feliz.
ele foi um poéta que meu, fiz.

e hoje, sou nem triste, nem feliz.
só me sinto, de poéta, uma quase aprendiz.

25 de set. de 2008

iminência.

acordar em dia frio,
olhos colados e calados,
vazios e transbordantes.

o silêncio grita em ouvidos calejados,
os toques soam como socos,
o estômago revira como arrepios até a espinha.

uma cama vazia apertada
lamenta uma ausência recente,
de um ontem, sempre presente.

concreto.

mãos que quase sentem o cheiro,
quase doce da amargura.

passos quase dados,
braços quase atados, dasatam a procurar.

sentir-me,
e só.

relógio parado
nostálgico

que insiste em tiquetaquear lembranças.
na boca, um gosto da música.

tua, que se desfaz minha.

sentidos que afloram de um labirinto
de noções e instituições
que, falídas e malfaladas,

nem sempre... falam.

orgulhos? temores destruidores.
destino vivendo por si só.

e o inevitável
antes inutilmente evitado.

surge.

e, antes tarde do que nunca...
medo.

24 de set. de 2008

é nunca cedo.

mãos do querer
do queimar
do não ter.

olhos da ressaca
da saudade
do incerto
do ao lado
mas não perto.

palavras dilaceradas
silêncio dilacerante

ausência.

um ontem presente
lembrança ausente

aperto.

toques
socos e murros.

coração do sentir
do limitar
do esquecer
mas sempre lembrar.

cicatriz.

um tempo passando
ainda que tarde...

esperança nãodita
que grita

é sempre cedo?

21 de set. de 2008

águas de setembro.

é pau. é pedra.
mas, é o fim do caminho?
é um obstáculo, é um paredão,
é um ponto sozinho?
é uma vírgula, é uma continuação.
é um teste, uma prova.
fui aprovada, ou não?
é saudade, é casquinha
é o frio no verão.
é uma promessa,
uma dívida,
com o meu coração.
é um terço, é um quarto.
é um quinto sozinho.
é metade que eu sigo,
de um longo caminho.
é vontade, é um sonho.
é sentir-me sozinha.
é o novo, um começo
é a grama do vizinho.
é o verde, o azul
de não mais preto e branco.
é o querer, o poder
é o enxugar do meu pranto.
é o nunca mais, até logo
um adeus, já nem tanto.
é um eu por inteiro
e do chão, me levanto.
é permissão, que me dou.
e pro céu, é que eu vou.
infinito, remando.
pro infinito andando.
infinito, sentindo
o infinito, procurando.
é pau. é pedra.
mas não, não é o fim do caminho.


adaptado por atademos jéssika.

16 de set. de 2008

bocatua, vontademinha.

tua boca.
tem veneno.
que vicia
que confude.
que transborda.

tua boca
tem gosto
que chama
que ascente
chama.

uma boca
que é remédio
que é doença
e cura.

boca que ensina saudade
que tira sorriso
que cala
que sente.

que faz.
desfaz.

boca que traz
à tona
mar de sentimentos e rios de confusões

boca que machuca
que falta
que estuda
e que sabe.

boca.
não só boca.
boca, que se faz em corpo.

que entende
que não promete
e cumpre.

boca que tem poder.
palavras.

boca, que quando distante.
é boca que falta
que faz.

boca, que quando perto
é viagem
que leva.

céu, inferno.
segundos.

boca, que é tua.
na boca que é minha
é tudo que eu tive
mas na verdade, não tinha.

_____________________________________________

palavras, antigas ou não...
que, ao serem jogadas procuram fazer algum sentido.

(nem sempre conseguem)

J.A.

12 de set. de 2008

ad infinitum, significar.

até o infinito.
mesmo se a perna bambear, se a voz fraquejar.
eu vou até o infinito.

com pausas, talvez, pra descansar.
o folego recuperar.
mas sempre e pra sempre continuar.
infinitamente, até o infinito.

se nas minhas escolhas eu não acertar,
se do meu caminho eu desviar...
não importa.

sempre, ao infinito.
meu ciclo natural continuar,
meus medos enfrentar,
minha cabeça levantar, e rumar ao infinito.

minhas metas traçar,
amores aprender a amar,
passado enterrar.

do dispensável esquecer,
aprender a olhar, e realmente ver.
diferentes pontos de vista, entender.

me permitir, quem sabe sonhar.
na minha capacidade acreditar,
da minha sorte, não depender.

minha coragem exercitar,
meu coração, ensinar a falar.
meu coração, ensinar a calar.

minha vida, organizar.
sorrisos, eternizar.
algumas lágrimas, esconder.

até o infinito viajar.
os pés no chão, aprender a colocar.
mas algumas loucuras cometer.

aceitar algumas imposições,
contrariar outras decisões.

por mais longe que possa parecer,

cansativo que possa se tornar,
eu de verdade não vou mais me importar.

meu barco até infinito eu vou levar.

8 de set. de 2008

sinal amarelo.

é tudo bom, é tudo bem.

é tudo no tom, na cor, timtim por timtim.
é tudo encaixado, enlaçado, depois... amarrotado.

é tudo, tão pouco.
que fica tão muito.

é tudo, enfim.

meu máximo.
impossível, possível.

um jeitinho brasileiro.
um calor, um beijador, ah aquele ardor.

tá tudo encomendado
fudido e mal pago.

tá tudo abestado
amedrontado... calado.

tudo com cor.
sabor.
dor.

(amor?)

tá tudo novo.
embrulhado, dobrado
pronto pra ser assado.

(amarrado?)

tá tudo confuso.
tá tudo no uso.
no fuso horário certo?

tá de braços abertos?
tá perto?
longe?

já tá tudo ao meio
metade acelera,
outra pisa no freio.

1 de set. de 2008

aperta o 11, é o meu andar.

pise em ovos
ou dance nas nuvens
tudo quase na mesma.

olhos secos pela fumaça.
garganta emaranhada.

tá tudo pela metade.
tudo faltando.
tudo faltoso.

uma folha que cai
esperança que vai.
que morre.
que vem.
que não mais tem.

medo que vem.
não vai.
insegurança.
bobagem.
viagem.
sacanagem?

demais.
se "demenos".

estranho seria.
estranho, portanto, está.

sem mais.
se, "demenos".

29 de ago. de 2008

não é poder.

estar distante.
se perto, se.

ser posta em estante.
ter sempre que esperar um instante.

ser livre, presa.
ser presa, ilusão.

ilusão, instituição falída.
um projeto, um plano, um alguém.

do ontem, pro ninguém.
do sorriso. do chão liso. do amém.

da insônia, pensamentos mil por hora.

e da noite, uma lembrança,
quero, agora.



27 de ago. de 2008

essencial.

tá tudo diferente.
olhos secos pela fumaça.
garganta emaranhada.

um sorriso de algodão
em face de gesso.

uma dúvida que não cala
uma boca que não esclarece.

um ontem, que enterrei.
uma saudade que não senti.

um caminho que descobri.
um sorriso que eu dei.

uma verdade que descobri.
uma mentira, que esquecí.

um hoje, com cara de amanhã.
um amanhã... com vontade de ser hoje.

tudo tangível. tátil.
tá tudo assim.
invisível aos meus olhos.

mas não, ao meu coração.

26 de ago. de 2008

que.

que minha loucura seja perdoada e minha fé, abençoada. minha mania de perseguição relevada, e meu esquecimento crônico... esquecido.
espero, do fundo do meu coração... que minha carência seja extinta e minha desorganização, organizada.
que ao menos metade dos meus sonhos se realizem, que eu não perca a esperança, que exista em mim pra sempre... uma criança.
que a força esteja sempre comigo e que eu preserve, pelo menos, um amigo.
que meu medo, seja bobagem e qualquer insegurança, uma viagem.
desejo que meus sorrisos, sejam sinceros... lá do fundo... lá da alma.
desejo pregar peças. desejo distribuir abraços. desejo boas gargalhadas.
que meus amores, existam. que o impossível me faça correr atrás. que as lembranças, não sumam.
que eu, enfim me perca. que eu enfim encontre. que eu enfim, permita.
que eu viva a minha vida, sem ensaios. sem rascunhos nem rodeios.
que meus desejos se realizem. que certas palavras, se profetizem... e que o amanhã naturalmente aconteça.
que eu ultrapasse os obstáculos... trace metas e cumpra alguns objetivos.
que a saudade não doa tanto. que a loucura aconteça, as vezes.
que os erros, sejam perdoados. as risadas frequentes. os carinhos, sinceros.
os amigos, verdadeiros...
e que, tudo e todos que já cativei... estejam realmente cativados.
e que eu, enfim me torne responsável por cada um deles.



Por Jéssika Atademos



(baseado no texto "Metade" de Oswaldo Montenegro)