22 de fev. de 2012

laço I


Meu lado. Já é meu lado... Nega, pra você ver.
Te bufo na cara, o ar de reprovação. Até você me tirar um sorrisinho de canto... Ah, gurizinho! Ná ná não! Já é meu lado.
Vai lá, pro seu esquerdo... Porque eu, tortinha assim, quero o meu direito.
Vai lá, pro seu dever... Que é, como um lego, se encaixar todo, no meu... Que nada mais espera, a não ser esse encaixe perfeito.
Então, vem cá. Pé com pé, joelhos, quadris, braço por baixo, meu por cima. Seu queixo na nuca. Ui. Não respira assim... Nariz no ouvido. E com pequenas balançadinhas, a gente vai se acalmando... Se encaixando.
Mas, tá calor. Mexe. Remexe. A essa altura, o lençol já tá desarrumado, você já pegou no sono... E eu ainda não encontrei a posição perfeita. Perna (curta) por cima, braço jogado. Meu deus, como é que você me aguenta? Meu deus, como é que consegue dormir comigo?
Eu que tento explorar todas as suas superfícies... Pra achar a melhor. Você tá respirando perto demais. Chega a esquentar a minha testa. Mas... É um quentinho gostoso.
Quê? Que barulho é esse?! Já estava na hora... Sabia que faltava alguma coisa... Esse ruído, que não sei se sái do nariz ou boca, ou dos dois... (estrategicamente direcionados ao meu ouvido)
Suspiro. Agora sim! Com esse ruído, que se fosse de qualquer outra pessoa, seria insuportável, quando seu, é canção de ninar. Que, pela repetição, me embala... Nesse nó, que só nós dois; Eu acordada, e você dormindo, sabemos dar. Esse nó, que ninguém entende, nem precisa entender. Esse nó gostoso... Que vem pra desfazer qualquer outro.
Esse nó, que fiz de laço. Porque eu repito: Nó aperta. Mas esse nosso laço... Enfeita!

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