25 de set. de 2008

iminência.

acordar em dia frio,
olhos colados e calados,
vazios e transbordantes.

o silêncio grita em ouvidos calejados,
os toques soam como socos,
o estômago revira como arrepios até a espinha.

uma cama vazia apertada
lamenta uma ausência recente,
de um ontem, sempre presente.

concreto.

mãos que quase sentem o cheiro,
quase doce da amargura.

passos quase dados,
braços quase atados, dasatam a procurar.

sentir-me,
e só.

relógio parado
nostálgico

que insiste em tiquetaquear lembranças.
na boca, um gosto da música.

tua, que se desfaz minha.

sentidos que afloram de um labirinto
de noções e instituições
que, falídas e malfaladas,

nem sempre... falam.

orgulhos? temores destruidores.
destino vivendo por si só.

e o inevitável
antes inutilmente evitado.

surge.

e, antes tarde do que nunca...
medo.

24 de set. de 2008

é nunca cedo.

mãos do querer
do queimar
do não ter.

olhos da ressaca
da saudade
do incerto
do ao lado
mas não perto.

palavras dilaceradas
silêncio dilacerante

ausência.

um ontem presente
lembrança ausente

aperto.

toques
socos e murros.

coração do sentir
do limitar
do esquecer
mas sempre lembrar.

cicatriz.

um tempo passando
ainda que tarde...

esperança nãodita
que grita

é sempre cedo?

21 de set. de 2008

águas de setembro.

é pau. é pedra.
mas, é o fim do caminho?
é um obstáculo, é um paredão,
é um ponto sozinho?
é uma vírgula, é uma continuação.
é um teste, uma prova.
fui aprovada, ou não?
é saudade, é casquinha
é o frio no verão.
é uma promessa,
uma dívida,
com o meu coração.
é um terço, é um quarto.
é um quinto sozinho.
é metade que eu sigo,
de um longo caminho.
é vontade, é um sonho.
é sentir-me sozinha.
é o novo, um começo
é a grama do vizinho.
é o verde, o azul
de não mais preto e branco.
é o querer, o poder
é o enxugar do meu pranto.
é o nunca mais, até logo
um adeus, já nem tanto.
é um eu por inteiro
e do chão, me levanto.
é permissão, que me dou.
e pro céu, é que eu vou.
infinito, remando.
pro infinito andando.
infinito, sentindo
o infinito, procurando.
é pau. é pedra.
mas não, não é o fim do caminho.


adaptado por atademos jéssika.

16 de set. de 2008

bocatua, vontademinha.

tua boca.
tem veneno.
que vicia
que confude.
que transborda.

tua boca
tem gosto
que chama
que ascente
chama.

uma boca
que é remédio
que é doença
e cura.

boca que ensina saudade
que tira sorriso
que cala
que sente.

que faz.
desfaz.

boca que traz
à tona
mar de sentimentos e rios de confusões

boca que machuca
que falta
que estuda
e que sabe.

boca.
não só boca.
boca, que se faz em corpo.

que entende
que não promete
e cumpre.

boca que tem poder.
palavras.

boca, que quando distante.
é boca que falta
que faz.

boca, que quando perto
é viagem
que leva.

céu, inferno.
segundos.

boca, que é tua.
na boca que é minha
é tudo que eu tive
mas na verdade, não tinha.

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palavras, antigas ou não...
que, ao serem jogadas procuram fazer algum sentido.

(nem sempre conseguem)

J.A.

12 de set. de 2008

ad infinitum, significar.

até o infinito.
mesmo se a perna bambear, se a voz fraquejar.
eu vou até o infinito.

com pausas, talvez, pra descansar.
o folego recuperar.
mas sempre e pra sempre continuar.
infinitamente, até o infinito.

se nas minhas escolhas eu não acertar,
se do meu caminho eu desviar...
não importa.

sempre, ao infinito.
meu ciclo natural continuar,
meus medos enfrentar,
minha cabeça levantar, e rumar ao infinito.

minhas metas traçar,
amores aprender a amar,
passado enterrar.

do dispensável esquecer,
aprender a olhar, e realmente ver.
diferentes pontos de vista, entender.

me permitir, quem sabe sonhar.
na minha capacidade acreditar,
da minha sorte, não depender.

minha coragem exercitar,
meu coração, ensinar a falar.
meu coração, ensinar a calar.

minha vida, organizar.
sorrisos, eternizar.
algumas lágrimas, esconder.

até o infinito viajar.
os pés no chão, aprender a colocar.
mas algumas loucuras cometer.

aceitar algumas imposições,
contrariar outras decisões.

por mais longe que possa parecer,

cansativo que possa se tornar,
eu de verdade não vou mais me importar.

meu barco até infinito eu vou levar.

8 de set. de 2008

sinal amarelo.

é tudo bom, é tudo bem.

é tudo no tom, na cor, timtim por timtim.
é tudo encaixado, enlaçado, depois... amarrotado.

é tudo, tão pouco.
que fica tão muito.

é tudo, enfim.

meu máximo.
impossível, possível.

um jeitinho brasileiro.
um calor, um beijador, ah aquele ardor.

tá tudo encomendado
fudido e mal pago.

tá tudo abestado
amedrontado... calado.

tudo com cor.
sabor.
dor.

(amor?)

tá tudo novo.
embrulhado, dobrado
pronto pra ser assado.

(amarrado?)

tá tudo confuso.
tá tudo no uso.
no fuso horário certo?

tá de braços abertos?
tá perto?
longe?

já tá tudo ao meio
metade acelera,
outra pisa no freio.

1 de set. de 2008

aperta o 11, é o meu andar.

pise em ovos
ou dance nas nuvens
tudo quase na mesma.

olhos secos pela fumaça.
garganta emaranhada.

tá tudo pela metade.
tudo faltando.
tudo faltoso.

uma folha que cai
esperança que vai.
que morre.
que vem.
que não mais tem.

medo que vem.
não vai.
insegurança.
bobagem.
viagem.
sacanagem?

demais.
se "demenos".

estranho seria.
estranho, portanto, está.

sem mais.
se, "demenos".