27 de ago. de 2009

acordar




assim ele acorda, no frio que faz lá dentro.
assustado, e sem saber ao certo onde está...
quando descobre, suspira. mas não aquele suspiro bom... aquele suspiro de falta. de falta que sente.

'foi sonho...'

então ele depressa fecha os olhos. aperta-os bem forte. tenta se concentrar, chega até a diminuir o ritmo da respiração... mas não. é impossível voltar para o mesmo sonho.

e ah, como ele gostaria que não fosse só sonho.
estava tudo intacto. do mesmo jeito...
as roupas, as cores, sorrisos, o cheiro... o tato. tudo exata e milimetricamente igual.
'que malvado, esse meu inconsciente. que me traz a imagem e a presença dela sem minha permissão.'
e que malvada, essa dona moça... que mágica foi essa, então? que o tempo passa, as pessoas passam... mas essa dona, quer não passar não!

ele revira na cama com dificuldade, ainda sentindo a temperatura daquele abraço. sentindo o finalzinho do perfume... nas mãos, quase dá pra perceber a textura dos cabelos dela... tão pesados, tão macios.

durante todo o dia, aquele quase toque, quase abraço, aquele sorriso... voltam à sua lembrança como se tivessem acontecido a minutos atrás. o dia nunca foi tão longo... tão silencioso.

e ele, por mais que negue... não vê a hora de encontrá-la novamente.

vai pra para casa mais cedo, tentando mentir pra si mesmo, tentando se convencer de que esta sonolento.
deita na cama, tenta se concentrar e pensar nela o máximo que consegue. talvez, assim sonhe com ela de novo... escolhe até o que dizer pra ela no próximo encontro.

assim ele acorda, no frio que ainda faz lá dentro...
na lembrança o negro da ausência de cor, de cheiro, de toque.

'ah, noite sem sonho!'

23 de ago. de 2009

caça às borboletas.




e no calor do meu copo seu juízo,
na timidez do meu sorriso escancarado,
na sobriedade do teu flerte debochado,

me peguei, fui pega.

e com disfarce nos meus olhos, enxergando mais escuro,
te sigo ziguezagueando.
te vejo ao cerco, cercando.

mas o quê... o quê tá faltando?

e na dança eufórica das borboletas no estômago,
vem o toque sem querer, querendo.
e no descontrole das sensações, meu corpo acaba demonstrando:

tá feito.
me peguei arrepiando.

18 de ago. de 2009

finda linha.



o que importa é o que toca,
o que fica, como e quando fica.

tão fácil perceber,
difícil é aceitar o que é real.

tão fácil perceber,
difícil é se encarar e seus erros, assumir.

tão fácil esquecer, quando o encanto acabou.
provando pelas leis do destino que se findo, não verdadeiro.
nada ficou.

14 de ago. de 2009

falso bem estar.



aqueles que um dia fingiram se importar.
hoje, fingem que não veêm, fingem que acreditam ser melhor assim.
ela já não se preocupa com os passos errados, que ele nunca deixou de dar.
ele não se lembra dos abraços intermináveis nem do carinho que só ela sabia fazer.
ela encara o espelho e mente, finge ter esquecido daqueles detalhes que faziam a diferença.
ele, que se esforça pra acreditar que todo aquele tempo, não foi nada além de tempo... de vida vivida em vão.
aqueles que se encontram nos pensamentos mais escondidos, nas músicas mais esquecidas, nas noites mal dormidas.
eles, que seguem por caminhos opostos, separados pelo orgulho e pela falta de tentar.
aqueles que negam a saudade, maldizem o desejo, escondem a única vontade:
voltar no tempo, recomeçar.

8 de ago. de 2009

sus,píro.


não sou literal. desvende, descubra.
eu sou inteira de palavras não ditas,
olhares gritados,
toda gestos e subentendidos.

sou guiada pelos olhos fechados,
sou toda sentidos.

passo longe dos meio-termos,
eu gosto é do exagero... do derramado,
do perdido, ou ganhado.
do teu muito certo, ou do meu muito errado.

eu gosto das risadas escancaradas, histórias bem contadas...
e seus finais surpreendentes.

eu espero o plâtonico infundado,
uma certa ironia, e o descontrole eminente.

eu gosto dos sem juízo, gosto do chão liso...
pra cair e levantar.

eu quero é a descoberta, quero deixar a porta aberta...
esperando que você, pela minha janela, escolha entrar.